Entrevista Daniela Pereira
“O Visite São Paulo Convention Bureau
já é um case de promoção”

Vice-presidente do Conselho de Administração do VSPCB, Daniela Pereira é a nova gerente-geral do Holiday Inn Parque Anhembi. Entre as conquistas que destaca no trabalho da entidade está a união e a mobilização do setor em torno do Perse – Programa Emergencial de Recuperação do Setor de Eventos, durante a pandemia. Sobre o room tax, Daniela diz sempre ter defendido “que ele apareça já na fatura do hóspede, como algo natural”.
EmDiaCom: Você acaba de assumir a gerênciageral do Holiday Inn Parque Anhembi, após atuar no Staybridge. Como construiu sua carreira na hotelaria? Quando ela foi iniciada e de que forma?
Daniela Pereira: Comecei minha carreira em 1992, no escritório regional de vendas da IHG, ainda antes de a rede usar esse nome no Brasil. Eu brincava, quando pequena, que seria dona de um hotel — e, de certa forma, a vida me levou exatamente por esse caminho. No início, como executiva de contas, eu vendia o InterContinental Rio de Janeiro e hotéis da marca no exterior, já que ainda não tínhamos outras unidades no País. Foi um começo cheio de descobertas: viajar para visitar clientes, aprender a negociar em diferentes culturas e ouvir histórias de hóspedes que cruzavam continentes. Desde cedo, tive líderes que me inspiraram e me mostraram a importância de formar pessoas, algo que até hoje carrego como marca do meu estilo de liderança.
EmDiaCom: Em que redes já trabalhou e quando assumiu, pela primeira vez, a gerência de um empreendimento?
DP: Minha história é toda com a IHG, o que me dá muito orgulho. Entrei no corporativo, depois participei da abertura do InterContinental São Paulo, passei pelo Staybridge, pelo Crowne Plaza, Holiday Inn Parque Anhembi e de novo pelo InterContinental, quase sempre em vendas. Houve uma fase em que acumulei a função de diretora de Vendas e Marketing Regional para o Brasil — lembro de como era desafiador viajar com uma mala que nunca esvaziava, visitando clientes, participando de feiras, entendendo mercados e representando a rede.
Em 2011, voltei ao Staybridge como gerentegeral, minha primeira experiência fora da área comercial e mergulhando de cabeça na operação. Foi um salto de aprendizado: conduzi uma renovação de contrato, uma reforma completa do prédio e, mais tarde, enfrentei a pandemia, período que nos exigiu reinvenção diária. Ali, percebi o quanto ser gerente-geral é estar preparado para o inesperado, mas também o quanto é gratificante ver um time superar limites junto com você.
EmDiaCom: Você integra o Conselho de Administração do Visite São Paulo Convention Bureau como uma vice-presidente conselheira. Há quanto tempo você atua na entidade e quais as principais conquistas que destacaria ao longo desse período?
DP: Estou no Conselho há cerca de cinco anos, três como vice-presidente. Uma lembrança forte que tenho é de Brasília, na mobilização pela defesa do PERSE: foi emocionante ver o setor unido, discutindo com autoridades e mostrando a relevância do turismo para o Brasil. Esse tipo de atuação coletiva, que vai muito além de um hotel ou de uma rede, mostra a força do Visite São Paulo. Também me orgulho de participar dos Fóruns e adoro as campanhas criativas que dão visibilidade ao nosso destino — sempre que vejo um vídeo ou uma peça sendo exibida fora do Brasil, penso: “eu também faço parte dessa história”.
EmDiaCom: De que forma você, como integrante do conselho, acredita que o VSPCB pode atuar para a promoção do destino, na captação de eventos e capacitação de profissionais?
DP: Acho que o VSPCB já é um case de promoção. Em grandes feiras internacionais, é inspirador ver a marca São Paulo presente de forma tão consistente, mostrando que a cidade é mais do que negócios, é cultura, gastronomia e hospitalidade. Vejo também a atuação estratégica da gestão do Toni Sando e do Fernando Guinato, que sabem equilibrar campanhas criativas com ações práticas, como capacitar mão de obra e apoiar a captação de eventos que movimentam toda a economia.
EmDiaCom: Uma das receitas que colaboram para a manutenção do VSPCB é o room tax. De que forma os hóspedes são informados e convencidos a pagar a contribuição?
DP: Lembro de uma hóspede estrangeira que, ao ver a taxa na fatura, perguntou o que era. Quando explicamos que era um valor revertido em campanhas para fortalecer São Paulo como destino, ela sorriu e disse: “Então estou investindo na minha próxima viagem”. Esse tipo de conversa só acontece porque a equipe está preparada para mostrar o impacto positivo do room tax. Sempre defendi que ele apareça já na fatura, como algo natural, e que os hotéis mantenham o display oficial na recepção — transparência e confiança são fundamentais para que o hóspede compreenda e aceite a contribuição.
EmDiaCom: Como você avalia o envolvimento de profissionais de hotelaria nas entidades representativas do setor e qual é a importância desse engajamento coletivo para fortalecer o segmento e os destinos?
DP: Eu sempre digo que hotelaria é um setor de portas abertas, e isso se reflete no quanto podemos aprender uns com os outros. Participar de entidades é uma forma de trocar experiências reais: você leva os aprendizados do seu hotel e, ao mesmo tempo, volta com soluções que outros já testaram. Me lembro de quantas vezes uma conversa em uma reunião de associação me deu ideias para resolver problemas práticos no hotel. Além disso, o networking é poderoso — e no nosso ramo, relacionamento é praticamente um ativo estratégico.
EmDiaCom: Com base em sua experiência como gerente-geral de hotéis e no setor de forma geral, quais são as principais tendências que vem acompanhando na experiência dos hóspedes?
DP: A tecnologia é um grande diferencial, mas não para substituir pessoas, e sim para dar fluidez à experiência. Um check-in digital rápido, por exemplo, não significa menos contato humano — significa que sobra tempo para o recepcionista olhar nos olhos do hóspede e recomendar um restaurante local. Também vejo o crescimento do “bleisure”: hóspedes que vêm a negócios, mas querem aproveitar para conhecer a cidade. Recebemos muitos que pedem dicas de experiências culturais e gastronômicas, mostrando que viajar hoje é também um exercício de pertencimento.
EmDiaCom: E que perspectivas vê para o setor até o final desse ano?
DP: Estou otimista. São Paulo tem no calendário grandes eventos como a Fórmula 1 e a Fórmula E, que aquecem não só os hotéis, mas toda a economia da cidade. É uma energia contagiante ver os hotéis lotados, a cidade movimentada e os profissionais engajados em oferecer o melhor. Acredito que vamos ver uma elevação mais significativa da diária média, até mais que da ocupação, o que mostra a maturidade do mercado e a valorização da experiência oferecida.
